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#001 — Eu (não) quero produzir conteúdo

Como começar um projeto de produção de conteúdo quando você já começou isso vezes demais?

Tinha 15 anos quando participei do meu primeiro podcast. Era o podcast do Fórum Panini. Basicamente, um grupo de nerds falando sobre quadrinhos e os primeiros passos de um tal filme do Homem de Ferro.

Pouco tempo depois, já aos 16 anos, criei o Série Comentada, blog em que fazia reviews episódio a episódio das séries do momento. O blog durou até 2014, entre idas e vindas, e continua disponível até hoje (apesar de ter vergonha quando leio as coisas que escrevi na época).

Eu, na Brasil Game Show de 2017, cobrindo o evento para o Junta7

Durante a universidade, participei de um projeto com amigos chamado Junta7, um blog de variedades que, a despeito de ser um projeto de universitários, virou coisa séria. Foram sete anos de atividade (2013 a 2019), duas coberturas da Brasil Game Show, mais de 150 podcasts e, chutando baixo, cerca de três mil posts… Tudo perdido quando ninguém mais conseguiu bancar hospedagem nem se preocupar em migrar o arquivo do blog para um espaço gratuito (os podcasts permanecem no Spotify aqui e aqui).

Depois, montei um canal no YouTube e integrei a equipe de outros dois podcasts (o único ainda disponível aqui).

Bastante coisa, né?

E eu não ganhei nenhum tostão com nenhum desses projetos.

Claro que não fiz tudo isso querendo só dinheiro. Foi uma maneira de afinar minha criatividade e a vontade que eu tinha de ser um jornalista na época. E esses projetos me ajudam até hoje, de alguma forma, como agente literário e escritor.

Às vezes penso que existiu todo um misticismo dentro dessas experiências porque, ao passo em que já usavam a palavra “conteúdo” naquela época, parece que não é o mesmo “conteúdo” que produzem hoje. Parece que era diferente.

Todas essas experiências partiram da ideia de “vou fazer algo para internet para me divertir com meus amigos, aprender algo novo, compartilhar minhas ideias e, quem sabe, ganhar uma grana com isso”.

Então por que sinto que produzir conteúdo hoje em dia parece tão cínico? Tão mecanizado e alinhado com a última moda do SEO?

Até mesmo essa pergunta gera outra pergunta, em que ponto criticar uma visão estrategista de produzir conteúdo é algo digno de crítica e em que momento é saudosismo de quem cresceu na internet “raiz”?

E entra a questão da remuneração. Tenho 31 anos, preciso pagar contas. Não dá para abrir um blog ou canal do YouTube para, quem sabe, ganhar algum dinheiro. Os boletos não vão esperar os meses (anos?) necessários até isso começar a acontecer.

Em todas essas experiências, encarava produzir conteúdo como um trabalho, com a seriedade e responsabilidade que ele exige. Mas às vezes desconfio que o resultado disso foi calvície e frustração ao brigar com o algoritmo.

Então talvez essa newsletter seja, mais uma vez, eu produzindo conteúdo mesmo sem querer e, ao mesmo tempo, querendo produzir conteúdo.

Talvez só esteja querendo fazer algo para internet e me divertir com meus amigos, aprender algo novo, compartilhar minhas ideias e, quem sabe, ganhar uma grana com isso.

É, parece bom.

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