#006 - Tem alguém aí?

Aqui estou eu. Voltando como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse passado um mês entre uma edição e outra da newsletter. Espero que você finja que nem passou esse tempo todo, eu certamente estou fingindo.

Durante todo esse tempo em que a newsletter ficou parada — por conta de Bienal, compromissos da vida e do trabalho e humores que desalinham uma rotina que nunca foi lá muito alinhada — volta e meia surgia a questão: alguém está lendo o que eu escrevo?

Claro que tenho as estatísticas da newsletter para afirmar que, sim, tem alguém me lendo (muito obrigado por isso, inclusive). Mas esse é o tipo de pergunta que nunca deixa de cutucar a cabeça de quem escreve.

Escrever é um trabalho estranhamente coletivo e solitário. Sim, as duas coisas ao mesmo tempo. Enquanto tem toda uma galera editando, revisando, preparando capa e diagramação, tem também o escritor sentado no canto dele escrevendo. Em uma parte do tempo, sem saber se sequer está sendo lido.

Essa sensação de “ninguém me lê” é ainda maior quando se é um autor iniciante ou não tem uma grande audiência. Afinal, você não tem uma enxurrada de respostas ao seu livro novo no dia seguinte ao lançamento dele se poucas pessoas sabem quem é você.

Inclusive, tome cuidado para não achar que o “ninguém me lê” é culpa sua, do leitor, do mercado literário, do Lula ou do colega escritor que recebe resenha no dia seguinte ao lançamento dele.

Até porque, se você parar pra pensar, o colega escritor que recebe cinco estrelas duas horas depois do lançamento do livro passou um bom tempo trabalhando no texto sem receber nenhum feedback e, com certeza, se perguntando se alguém também leria tudo aquilo que ele escreveu.

Ficar em dúvida se suas palavras serão lidas não é nenhuma novidade. Sossega as tetas, por favor.

É sempre positivo lembrar que a leitura não é uma coisa linear e como livros são objetos que resistem o teste do tempo. Aquelas páginas não se perdem como um story no Instagram ou uma mensagem no WhatsApp, elas continuam por muito tempo depois de publicadas.

Eu já fui um leitor que terminava livros em dias, ou que levava quatro meses com a mesma obra parada do meu lado. Já fui de comentar muito o que estava lendo e já fui de ler sem marcar em goodreads e comentar na internet. Tenho uma lista imensa para ler (a trabalho e como lazer) e isso vai levar tempo.

O tempo todo, pessoas descobrem novas histórias, livros que estão há anos no mundo. Sim, ainda tem alguém por aí te lendo. Talvez não hoje, talvez não de forma pública, mas tem.

Gostou da newsletter? Compartilhe com os amigos! Tem algo a acrescentar? Responda esse e-mail, vamos conversar!

Me siga nas redes sociais: Bluesky | Instagram | Site